Avançar para o conteúdo principal

Na luta contra o tabagismo, a referência é brasileira

 

Crédito: divulgação

Quantos fumantes você viu hoje no seu percurso diário? São muitos ou raros? A maioria das pessoas com quem você convive são fumantes ou não? Essas perguntas podem parecer triviais, mas houve um tempo em que a quantidade de fumantes ocupava uma camada considerável da sociedade. Graças a uma legislação mais rígida em torno das campanhas em favor do fumo e à própria conscientização popular dos males do cigarro, a quantidade de fumantes despencou no Brasil.

Um compilado de informações do IBGE, da Receita Federal e do Vigitel – o sistema governamental de vigilância da saúde da população – mostra que, entre 1980 e 2010, o consumo de cigarros no país sofreu uma queda de 65%. Essa redução não foi tão brusca e imediata. Ela teve início ainda nos anos 90 e, de maneira gradativa, foi deixando de ser produto de consumo de milhões de brasileiros.

Os levantamentos do Vigitel, por exemplo, são tão significativos que foi a partir deles que o país atualizou seu Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas e Agravos Não Transmissíveis (Plano de DANT) para 2021 a 2030. É este documento que revela informações ainda mais específicas: em 2019, a população de fumantes presente nas capitais brasileiras e no Distrito Federal alcançava os 9,8% - a maioria composta por homens de baixa escolaridade, com faixa etária dos 45 aos 54 anos.

Já a Tobacco Atlas, importante referência no monitoramento de consumo de cigarro no mundo, aponta que políticas de aumento de tributos sobre o fumo têm sido eficazes em países que adotaram a implementação de programas antifumo. De tal forma que houve uma redução global de 22,9% do consumo no universo das nações que asfixiaram a indústria tabagista com mais impostos. O resultado é que, entre 2007 e 2019, o percentual de fumantes adultos caiu de 22,7% da população para 19,6%.

São diversos números, de fato, que mostram uma realidade positiva em torno do consumo de cigarro. O Brasil está na vanguarda dos países que vêm reduzindo consideravelmente este mercado, embora se estime que, em 2015, por exemplo, o fumo tenha sido responsável direto pela morte de mais de 156 mil pessoas. Mas há claramente um caminho a ser seguido rumo a uma conscientização em massa dos malefícios do cigarro.

E este é um ponto que deve ser considerado, e que mobiliza todas as campanhas de combate ao fumo. O tabagismo é uma grande incubadora de células cancerígenas no organismo, de modo que representa a principal causa dos cânceres de boca, laringe, esôfago, estômago, rins, bexiga, pulmão e pâncreas. Além disso, também provoca enfisema pulmonar, que acomete os alvéolos, dificultando o acesso de oxigênio aos pulmões, além de bronquite, hipertensão, doenças cardiovasculares e AVC.

Portanto, é salutar manter as campanhas de combate ao fumo, visto que esses problemas ainda são recorrentes. Há uma luta incessante rumo ao sonho de erradicar o tabagismo da sociedade. A despeito de a indústria do cigarro manter-se forte e tentadora, este é um trabalho que exige esforços.

Autor: médico pneumologista do Hospital Felicio Rocho Leonardo Meira

Comentários

Mensagens populares deste blogue

O projeto de reforma do Código Civil brasileiro: devagar com o andor…

  O autor é Leonardo de Campos Melo, advogado especialista em contencioso judicial e administrativo estratégico e em arbitragem, e Sócio-fundador do escritório LDCM Advogados -   leonardo@ldcm.com.br O Projeto de Lei 4/2025, em tramitação no Senado desde 31 de janeiro de 2025, propõe uma ampla reforma do Código Civil de 2002. De autoria do Senador Rodrigo Pacheco, com base em anteprojeto elaborado por Comissão de Juristas presidida pelo Ministro Luis Felipe Salomão (STJ), o PL modifica ou revoga 897 dos 2.063 artigos atuais e inclui cerca de 300 novos dispositivos, o que, para muitos, equivale à criação de um novo Código.  O PL aparenta contar com amplo apoio político e institucional e a tendência é que avance no processo legislativo. Tenho dito, e reforço, que um projeto de lei é uma obra humana, imperfeita por natureza. É mesmo esperado, portanto, que o PL 4/2025, com tantas e relevantíssimas alterações, necessite de ajustes e aperfeiçoamento. Por essa razão, das crític...

Especialista trata uso do balão intragástrico para emagrecer

  Dr. Mauro Lúcio Jácome, especializado no tratamento de obesidade com o dispositivo, e também com endosutura, esclarece como utilizar o método de forma saudável Emagrecimento rápido é, pelo senso comum, um sonho universal. Porém, também faz parte do senso comum que essa corrida contra o relógio e contra a balança ao mesmo tempo é algo que mais prejudica que ajuda. Todavia, segundo uma  pesquisa  realizada pelo CFF (Conselho Federal de Farmácia) e o Instituto Datafolha, e publicada pelo Uol, 24% dos brasileiros já usaram alguma substância para emagrecer. Do outro lado da moeda, um dispositivo que também é popular é o balão intragástrico. A maioria destas pessoas sequer procuram auxílio de um especialista. Na verdade, 63% dos entrevistados acabam recorrendo a internet para realizar a aquisição destes, sem nenhum tipo de avaliação prévia de um médico ou outro agente de saúde. Iniciativa condenada pelo  cirurgião geral e endoscopista Mauro Jácome , especialista no trata...

Investimento em infraestrutura hospitalar atrai pacientes para cirurgias eletivas

  O Hospital São Rafael, de Belo Horizonte, se destaca por oferecer tecnologia e serviços de ponta   Divulgação/Hospital São Rafael A demanda por instalações de saúde de excelência cresce à medida que pacientes priorizam qualidade e segurança em procedimentos médicos, especialmente cirurgias eletivas. A infraestrutura hospitalar é um dos pilares na prestação de cuidados de alta qualidade, impactando diretamente a segurança, eficácia e experiência dos usuários. Nesse cenário, o Hospital São Rafael tem se consolidado como referência em Belo Horizonte, destacando-se pelo investimento contínuo em tecnologia de ponta e por uma equipe qualificada. Desde sua inauguração, em junho de 2022, o Hospital São Rafael já atendeu 11.133 pacientes, sendo 2.789 somente no primeiro semestre de 2024. “Nosso objetivo é oferecer uma estrutura que vá além das expectativas, proporcionando um ambiente seguro e eficiente que permita ao paciente se sentir acolhido e confiante durante todo o processo de ...